Por: Equipe SimulArroz

Plantas de milho cultivadas em vaso são irrigadas para repor a perda de água transpirada.
O milho desempenhou papel tão importante na América quanto o trigo para os povos do “Velho Mundo” e teve seu cultivo difundido para os demais continentes, sendo destaque na África onde hoje é a cultura mais cultivada para produção de grãos. O cultivo de milho é realizado em 125 países em todo o mundo. Para a safra 2017/2018 a projeção é de serem produzidos em torno de 1,0 bilhão de toneladas de milho no mundo, sendo que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial (93 milhões toneladas). No Rio Grande do Sul o milho é produzido em todos os municípios. Apesar dos aumentos significativos da produtividade de milho no Estado, reduções nas colheitas e até perdas de toda a produção acontecem com frequência devido a ocorrência de estiagens.

Plantas de milho sob deficiência hídrica mostram murchamento das folhas e do pendão (planta da esquerda).
As cultivares de milho cultivadas pelos agricultores podem ser agrupadas em dois grupos: as cultivares crioulas, que são as locais ou tradicionais, todas variedades de polinização aberta (VPA), e as cultivares melhoradas, que são desenvolvidas por meio do melhoramento genético, que incluem, além de VPA’s, os híbridos. As cultivares crioulas representam um conjunto de plantas com características comuns, material geneticamente estável e de alta variabilidade, o que confere maior estabilidade de produção em relação ao híbrido em condições adversas, porém normalmente menor potencial produtivo e são fontes potenciais de genes de resistência, tolerância e/ou eficiência em relação aos atuais e futuros estresses bióticos e abióticos, como a deficiência hídrica.
Em um estudo realizado em 2016 na Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria, RS, foi comparada a tolerância à deficiência hídrica de duas cultivares crioulas, ‘Cinquentinha’ e ‘Bico de Ouro’, preservadas no município de Ibarama, e um híbrido simples ‘AS 1573PRO’. Os resultados indicaram que a cultivar crioula ‘Cinquentinha’ possui maior tolerância ao deficit hídrico que as outras cultivares, pois ela fecha os estômatos (por onde a planta perde água) antes que nas outras cultivares, evitando perder água. O estudo faz parte da tese de doutorado da Engenheira Agrônoma Josana Andreia Langner pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e conta com a colaboração e supervisão da professora Lia Rejane Silveira Reiniger, do Setor de Melhoramento do Departamento de Fitotecnia da UFSM. Desde o dia 11/12/2017 esse experimento está sendo repetido para confirmar esses resultados. Neste experimento, as plantas de milho estão sendo cultivadas em vasos sob uma estrutura coberta por plástico, para que o controle de água seja preciso. “Não podemos perder nada da água por evaporação pela superfície do solo do vaso para que possamos medir quanto de água a planta perde por transpiração pelas folhas” explicou Josana. “Todos os dias pesamos os vasos e calculamos quanto que cada planta gastou de água”, complementa Josana. “Em metade das plantas repomos toda a água que foi transpirada pela planta e na outra metade das plantas colocamos apenas metade da quantidade de água transpirada, para que chegue um momento em que a água que tem no solo do vaso se esgote e a planta entre em deficiência hídrica, murchando completamente”, conclui Josana.