Por: Equipe Simanihot

Lavoura de mandioca com senescência natural das folhas, formando uma “saia” no dossel
É outono no hemisfério Sul e, durante esta última semana, chamou a atenção nas lavouras de mandioca pelo Rio Grande do Sul a fora, a ocorrência de amarelecimento e queda das folhas baixeiras. Este processo ocorre devido a senescência natural das folhas nesta época do ano em regiões subtropicais.
Ecofisiologicamente, cada folha que emerge (aparece) na planta, desde o início do ciclo, possui um tempo de vida máximo. Essa longevidade máxima é influenciada pela temperatura do ar e pelo Índice de Área Foliar (área de folha/área de solo). O índice de área foliar vai aumentar até atingir um índice de área foliar crítico, a partir do qual o sombreamento também vai contribuir para acelerar o processo de senescência foliar.
Consequentemente, as folhas que emergiram primeiro irão completar o seu tempo mais cedo que as folhas mais novas, e por isso essa senescência ocorre de baixo para cima, formando uma “saia” no dossel.
Antes dessa senescência ocorrer, as folhas vão mudando da cor verde até chegar na cor amarelada, e isso acontece porque durante o processo de senescência, muitos fotoassimilados são translocados de volta para a planta via floema, onde serão reutilizados em processo de síntese na planta.
Este processo continuará ocorrendo, até que a temperatura mínima do ar atinja um valor crítico por um determinado tempo, o que vai contribuir para acelerar ainda mais o processo de senescência.
Salientamos que para fins de aproveitamento da parte aérea da planta para silagem e feno, estas práticas devem ser realizada antes desta queda acelerada das folhas, para melhor aproveitamento da planta desta parte aérea tão rica em proteína para os animais.
Texto: Luana Fernandes Tironi, extensionista da Emater/Ascar, Doutora em Engenharia Agrícola, com ênfase em ecofisiologia e modelagem das culturas agrícolas.
Fonte:
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artemed, 5ª ed. 2013. 918p.
GABRIEL, L.F. et al. Simulating cassava growth and yield under potential conditions in Southern Brazil. Agronomy Journal, v.106, n.4, p. 1119-1137, 2014.