Por: Equipe SimulArroz

Lavouras de arroz sem cobertura de inverno tem muitas perdas de nutrientes, principalmente nitrogênio e potássio.
Neste período de entressafra do arroz, é importante o produtor considerar o manejo da lavoura visando a próxima safra. Após a colheita do arroz, nutrientes como o nitrogênio e o potássio que estão na palha e no solo são facilmente perdidos com a água da chuva. No âmbito de uma agricultura baseada em processos e buscando a sustentabilidade econômica, social e ambiental das propriedades rurais, os conceitos de uma agricultura conservacionista têm entre os pilares: 1) diversificação de espécies, via rotação, sucessão e/ou consorciação de culturas; 2) manutenção do solo permanentemente coberto ao longo do ano promovendo a ciclagem de nutrientes; 3) minimização do intervalo de tempo entre a colheita e a semeadura subsequente.
No entanto, o cultivo de plantas de inverno nas áreas arrozeiras do Rio Grande do Sul (RS) ainda tem muitos desafios a serem vencidos. A principal dificuldade para produção de forrageiras e outras espécies para cobertura de inverno nos solos hidromórficos arrozeiros no RS, que são mal drenados, rasos e, muitas vezes, deficientes em fertilidade química, é que a maioria das espécies utilizadas na agricultura mundial não se adapta bem a este tipo de ambiente. Estas espécies se originaram em solos mais profundos e bem drenados.

O uso de cobertura de solo com culturas de inverno, como o azevém, melhora a ciclagem de nutrientes e auxilia na construção da fertilidade do solo
Apesar disso, muitos pesquisadores e extensionistas entendem esta prática de manejo como fundamental para a sustentabilidade da lavoura de arroz irrigado no RS. O Técnico Superior Orizicola do Irga Sexto Nate Santa Maria Gionei Alves de Assis, destaca que “as vantagens são várias ao produtor de arroz quando usar cobertura de solo no inverno como prática conservacionista em sistemas de uso intensivo das áreas de arroz irrigado e também na integração lavoura-pecuária, visando dar maior sustentabilidade ao processo de produção”. Gionei cita como exemplo de vantagens das plantas de cobertura de inverno, o auxilio na quebra do ciclo de pragas e doenças, a diminuição das perdas de solo por escorrimento superficial e por erosão, e promove melhorias nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. O uso de plantas de coberturas de inverno em sucessão ao arroz também auxilia no controle de plantas daninhas, promove a ciclagem de nutrientes e a construção da fertilidade, melhora os resultados do sistema de integração lavoura pecuária e, dependendo do manejo adotado, permite diluir o custo de preparo do solo com a lavoura de arroz, otimizando recursos humanos, máquinas e combustível. Assim, mesmo em áreas com histórico de enchente, a utilização de cultura de inverno é importante.
No RS, as principais espécies utilizadas em áreas de arroz irrigado no outono-inverno como plantas forrageiras e/ou cobertura de solo são o azevém (principal e mais utilizada) e algumas cultivares de trevos e cornichão. Outra espécie que tem potencial para ser utilizada como cobertura de solo, é a serradela nativa (Ornithopus micrantus) devido à sua adaptação a solos mal drenados.